tradução do primeiro poema de "A Coney Island of the mind", de Lawrence Ferlinghetti

A Coney Island of the mind
Lawrence Ferlinghetti
Trad. Diego Callazans

1

Nas grandes cenas de Goya parecemos ver
as pessoas do mundo
exatamente no momento em que
mais mereceram o nome de
“sofrente humanidade”
Elas se contorcem na folha
em uma ferina mostra
de adversidade
Amontoadas
gemendo com baionetas e catarrentos
sob céus de cimento
numa paisagem abstrata de árvores mortas
estátuas curvadas morcegos asas e bicos
escorregadias forcas
cadáveres e galos carnívoros
e todos os monstros do derradeiro grito
de seu
“desastre imaginário”
são reais pra caralho
como se inda existissem de fato

E existem

O que mudou foi o cenário

Elas vagueiam ainda pelas estradas
atormentadas por legionários
galos dementes e moinhos falsos

São as mesmas pessoas
só longe de casa
em rodovias de cinquenta faixas
num continente concreto
entre outdoors amenos
que ilustram imbecis ilusões de alegria
Na cena já não há tanta carroça
mas pendurados vão uns cidadãos
em carros bem pintados
com as placas mais excêntricas
e motores
que devoram a América

............................................

Poema original e informações sobre o autor: http://www.lyrikline.org/pt/poemas/coney-island-mind-1-2727

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